segunda-feira, março 14, 2011

Inferno

Hoje, chove. A escola está inundada. Há água em todo o lado: nas poças enormes, há lama, há terra nas salas, há fugas no tecto. A escola está fria, impessoal, desagradável, húmida. Nunca foi acolhedora, mas os passos que temos que dar a céu aberto para ir de uma sala à outra contribuem para essa sensação de mal-estar.
Na escola, já não se ouvem só as vozes dos alunos, mas o ruído incessante dos martelos pneumáticos que me tolhe o pensamento. Estão agora na minha cabeça e furam-me o cérebro. Já não consigo pensar, as ideias misturam-se e enleiam-se. Já nada é claro. Não me consigo concentrar e a minha capacidade de raciocínio começa a falhar.
O pó esvoaça, o entulho cai pesadamente, os vidros quebram-se e um martelo tresmalhado impõe o seu ritmo de pedra entre os escombros de tijolo e cimento.
A ventoinha do termoventilador range à medida que gira num frenesim repetitivo, reiterando a mesma frase metálica ao longo do dia. Estou no inferno...

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